Seguinte: nós do Passa Óleo e Acredita defendemos que para um bom equilíbrio entre situação e oposição, é importante que ao menos haja uma oposição ao governo.

Visto que é público e notório que os partidos não-governo que estão atualmente no Congresso só sabem falar em CPI e corrupção [momento bicha-calendário: (gente, isso é tão UDN 1959! Apertem o F5, pelamor!!!!) /fim do momento bicha-calendário], nos oferecemos para atuar como oposição a este governo.

Recusamo-nos, por exemplo, a chamar o Bolsa-Família de Bolsa-Esmola. Isso é de uma pobreza sem par (com trocadilho, por favor). Isso é medíocre, preguiçoso, idiota, fraco, insosso, incosistente… além do quê, o público-alvo desse programa é de um orgulho sem par, gente que odeia ser ofendida. Chamou geral de mendigo, perdeu voto, playboy!

Será que é tão difícil entender de que se trata o BF e, dentro da proposta desse programa, criticar sua aplicação? Vamos combinar que basta uma rápida observação nos números do Bolsa-Família que fica fácil criticar esse programa que é a menina dos olhos de Lizinácio.

Foi o que fez a Economist, neste artigo aqui. Em resumo, a reportagem destaca pontos positivos e negativos do Bolsa Família. Vou listá-los – tudo palavras da reportagem, não tem uma vírgula minha aí embaixo!

Pontos positivos:

– O programa conseguiu de fato reduzir a pobreza no Brasil. Isso foi medido pela FGV, inclusive aplicando o coeficiente de Gini, que caiu de 0,58 para 0,54.

– O  bolsa família custa aos cofres do governo 0,5% do PIB.

– estudo da ONU indica que o programa não leva à dependência, e sim funciona como um incentivo, um pontapé inicial para se sair da pobreza

– embora os críticos digam que o dinheiro vá para as pessoas erradas, estudos não confirmam isso. E seu impacto no mercado de trabalho (gente que deixa de trabalhar porque recebe dinheiro do bolsa-Família) é ínfimo.

– o Banco Mundial afirma que o sucesso do Bolsa-família em atingir seu público-alvo é o melhor dentre todos os programas sociais similares no mundo.

Pontos negativos:

– Ele é mais eficaz em áreas rurais do que nas grandes cidades – infelizmente, porque a pobreza absoluta preocupa muito mais nas grandes cidades do que na área rural.

– o programa não é bem-sucedido no objetivo de tirar crianças do mercado de trabalho.

– Seu sucesso na área rural, em parte, advém do fato de a necessidade de trabalho infantil no campo ocorrer apenas na hora da colheita, o que permite aos assistidos no programa ter o número máximo autorizado de faltas na escola (15% de faltas).

– na favela das grandes metrópoles, quando uma mulher tem seu filho ela continua a morar com a mãe, e não se enquadra como beneficiária do Bolsa-Família. Esse é um dos motivos pelo qual o BF não é tão eficaz nas cidades.

Isto posto, vamos falar mal do governo Lula (agora, sim, palavras de bruxa). Em tom pacífico e ponderado – mas não menos incisivo.

O Bolsa-família não é tão maravilhoso e eficaz quanto pinta o governo, não. Ele é totalmente falho nas grandes cidades, incapaz de dar assistência a adolescentes grávidas, por exemplo, que precisariam ser assistidas por esse programa. Essa população que não é atendida pelo Bolsa-Família acaba por ser seduzida/jogada nas garras de misérias tão tristes quanto a fome: a prostituição, a violência urbana, o tráfico de drogas…

Seu principal mote, tirar crianças das ruas e do mercado de trabalho e restringi-las às escolas, também não funciona. Além dos números disponíveis ( \o/ )  de estudos recentes feitos por instituições independentes, vemos todos os dias nas ruas crianças vendendo chicletes ou mesmo pedindo dinheiro. Por que o Bolsa-Família não atende essas crianças adequadamente? Que espécie de futuro Lula pretende garantir para nossas crianças com um plano de ação social tão falho?

A miséria praticamente acabou na área rural? Parabéns, senhor presidente! Mas a maioria da população deste país reside nas cidades, e continua sem ter uma garantia de futuro decente (olha eu falando expressões tipicamente tucanas! substantivos abstratos, a gente se vê por aqui! 😀 ) graças a seu plano falho e incompleto!

Pronto, excelências! Três consistentes parágrafos de críticas bem embasadas ao governo que aí está.

Qualquer coisa, enviem um e-mail pra gente que a gente promete fazer um workshop pra oposição aprender a discutir com o governo de igual pra igual! Porque CPI de corrupção é tema tão demodé quanto a palavra demodé. A nova coqueluche do momento (só pra manter o linguajar nos anos 1950) é o Bolsa-Família! E podemos ensiná-los a fazerem uma oposição supimpa! 😀

Cobrramos barracheenha! Um pecheencha!